terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quando é preciso dar um passo para trás

Quarta-feira, 6 de Maio de 2009

A vida da gente segue um ciclo: aprendemos a engatinhar para depois andar, resmungamos e depois falamos, rabiscamos e depois escrevemos. Fazemos o ensino básico, o fundamental, o médio e a faculdade. Depois de formados, namoramos sério, noivamos, casamos, temos filhos. E posteriormente, que venham os netos. Esta é uma vida regradinha que, por mais incomum que pareça, acredite, eu segui à risca até hoje, em meus 27 anos. E, se eu seguir este tal ciclo da vida, prevejo aqui o meu futuro: mais uns 30 anos trabalhando como assessora de imprensa (vivendo emocional e financeiramente toda a instabilidade desta profissão), talvez mais uns dois filhos nos próximos anos, algumas viagens e o casamento que, acredito eu, durará até que a morte nos separe, como disse o padre.


Acontece que eu não quero que o ciclo continue assim. Eu quero dar um passo para trás, começar de novo de onde eu acho que errei. Eu quero me permitir recomeçar, mesmo que eu já tenha uma carreira de 10 anos, mesmo que eu já conheça o mercado, mesmo que minha vida esteja, relativamente, definida.

Sim, eu estou falando da minha profissão. Em algum momento eu fiz um teste de aptidão que mostrou minha afinidade com as palavras e me direcionou para o jornalismo. E eu, que entrei para a faculdade com 17 anos, decidi, aos 16, um ano antes, que era este o curso que eu ia fazer e que seria isso o que eu faria para o resto da vida.

Doce ilusão escolher o seu futuro com a magia cor-de-rosa dos 16 anos! A vida não foi como eu imaginei e 10 anos depois, não estou feliz. Uma infelicidade que veio se refletindo em todos os outros pontos da minha vida: dentro de casa, com a família, com os amigos. E foi então que eu me permiti parar o ciclo. Fazê-lo começar a girar ao contrário.

Eu vou voltar para a faculdade. Vou sair de mochila para estudar de novo. Vou me preocupar com provas, trabalho em grupo e TCC mesmo entando com uma aliança no dedo esquerdo, um filho no colo e com uma casa para cuidar.

Decidi que não sou mais assessora de imprensa. Jornalista ainda sim, porque o pensamento crítico da gente não é algo que se perde tão fácil, mas fazer follow-up, nunca mais!

Vou estudar Letras – Português/Inglês, trabalhar como revisora, redatora, tradutora, professora. Ora, ora, ora. Ter um dia-a-dia rodeada de palavras, expressões, textos e claro, minhas ideias. Ensinar e aprender. Ter contato com alunos, crianças e gente. Como diz a Déa aqui do blog e também assessora, gente é algo raro nesta área…

Foi preciso muita coragem – e conversas e a força do marido – para poder voltar atrás. Mas eu acho que estou no caminho certo, afinal, estou buscando a minha felicidade. Não é isso o que nos dizem, o tempo todo, para fazer? Eu percebi que às vezes é preciso avaliar se o ciclo da sua vida está seguindo o que você planejava.

Às vezes, a gente precisa parar e pensar um pouco em nós mesmos. Foi o que eu fiz. A vida vai mudar bastante e eu estou me preparando para isso. Mas confesso que me sinto feliz. Estou aliviada por ter tirado um peso profissional das costas e feliz em seguir rumo à minha realização. E por isso tudo eu vejo que esta vida é muito engraçada mesmo e vive nos pregando peças. Não adianta seguir em frente se você não tem rumo. O máximo que vai acontecer é você ir cada vez mais longe do seu objetivo.

Eu sou a prova viva de que, às vezes, é preciso dar um passo para trás para poder seguir em frente.