quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eu tenho preguiça!

Eu gostaria muito de saber de onde veio o conceito de que sentir preguiça é ruim, que pessoas preguiçosas não merecem nosso crédito e todo aquele papo que os mais antigos passam, geração após geração.

Quando estou na minha cama às 11 da manhã eu me pergunto: que mal há em curtir esta preguiça? Qual o problema de passar um dia usando pijama e de noite, pós-banho, apenas trocar o pijama e voltar a dormir? Por que apreciar estes momentos me faz ser uma pessoa pior do que outra que gosta de acordar cedo e se manter ativa o dia todo?

O antropólogo Domenico de Masi e o personagem Garfield são os ícones, para mim, das benfeitorias da “preguicinha”. Se o primeiro é o pai do chamado “ócio criativo” e explica muito bem o que podemos fazer nestes momentos tão nossos, o segundo usa e abusa do estilo “viva o ócio” de ser. E eu faço deles o meu estilo de vida.

Eu tenho preguiça e não faço segredo sobre isso. Isso não me faz ser uma pessoa que pense menos, que execute menos ou ainda que viva menos. Eu apenas faço as coisas no meu tempo. Há dias em que tudo o que eu quero é ver as coisas em slow motion. E daí que a gente acabou de comer e a louça está na pia? Ela continuará lá quando eu for lavar, não importa a hora. Me deixe curtir a preguiça pós-refeição. E daí que o sol está brilhando lá fora? Minha cama está uma delícia e eu prefiro estar nela agora do que suando lá na rua. E daí que o mundo tá girando? Se eu ficar aqui parada vejo tudo de camarote.

Estes dias a vizinha aqui debaixo bateu na minha porta, às 2h da tarde, sem me avisar que viria. Meu filho e eu estávamos de pijamas ainda, mesmo que já estivéssemos acordados há algum tempo. Tava friozinho, chovendo, um dia ótimo pra fazer nada. Ela veio e eu fui abrir a porta e fiquei super sem graça ao constatar que eu estava usando pijama. Até porque a cara dela quando me viu não foi das melhores. Boba que sou, ainda disse: ah, você me desculpa, eu ainda não me troquei. Então ela me perguntou se eu podia dar para ela o telefone da empresa que colocou grade na minha varanda, há 2 anos. É óbvio que eu não tenho este número. Nem sei o nome da empresa, fala sério. E então ela perguntou se eu podia ver umas empresas para ela. Foi então que eu percebi que quem tinha que me pedir desculpas era ela. Eu estava na minha casa, de pijama. Ela veio até aqui, se avisar, me olha torto e ainda me pede para procurar empresas que prestarão serviços para ela? Sinceramente, analisando por este ângulo, têm coisas muito piores do que ser preguiçosa.

Todos nós temos aquele dia da preguiça, aquela vontade de não fazer nada. Só que alguns têm mais do que outros e eu sou uma delas. Minha mãe já encheu muito a minha cabeça com isso e eu cresci meio que achando que eu era estranha, porque só gostava de arrumar minha cama quando eu ia deitar nela de novo (risos – desculpe, é impossível, para mim, ler isso e não rir). Mas, na verdade, com o tempo eu comecei a perceber que o problema não é fazer, mas sim, fazer quando os outros querem. Eu não sou assim. Só de pensar em obedecer já me dá uma preguiiiiiça... Eu tenho meu tempo para agir, para pensar e para criar. E valorizar isso é super importante até porque, é nos meus momentos de mais gostoso ócio, que eu encontro coisas boas para fazer, temas novos para escrever, lugares para passear. Este tempo de preguiça é muito importante para a minha higiene mental e só quem convive comigo sabe o quanto estar em dia com isso é vital para coexistir no mesmo ambiente que eu.

Eu sou uma pessoa preguiçosa sim e não ligo, porque eu conheço o meu ritmo e sei que nada fica para trás. Preguiça não é desleixo, tampouco irresponsabilidade. É apenas olhar o relógio e acreditar que cada minuto tem, pelo menos, 120 segundos.

E, como diria o Garfiled: “Viva o ócio e que venham as lasanhas!”

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu quero romance!

A melhor história de amor que eu já ouvi falar é a de Mr. Darcy e Lizzie Bennet, em Orgulho e Preconceito. É o livro/filme mais lindo e romântico que já vi e que não acontece nenhum beijo. Porque beijo nem sempre é romance, beijo nem sempre é amor. O amor se traduz em outras formas e a Jane Austen soube usar e abusar disso. O casal consegue nos apresentar o amor em sua essência mais pura, tirando todos os disfarces, todas as aparências, todo o tesão e a necessidade do sexo. Eles vivem o amor em sua forma única e nos provam que cenas “calientes”, noites ardentes e beijos roubados nem sempre formam o que chamamos de romance.

Avançando no tempo, temos a saga “Crepúsculo” que, dadas suas proporções, nos mostram a mesma coisa. Bella e Edward se amam intensamente e vivem um delicioso romance mesmo que seus beijos sejam comedidos e que as noites de amor não existam. E é impossível não sentir necessidade de paixão em sua vida depois de ver estas cenas.

Eu quero romance! Falta romance hoje em dia. Falta romance nos relacionamentos. Falta romance nos encontros, nos beijos, nas datas comemorativas.

Eu quero olhos que dizem “não vivo sem você”. Quero abraços que demonstrem que uma vida depende da outra. Quero que a simples presença preencha todos os vazios.

Estamos vivendo uma época em que se beijam tantos em uma mesma balada, em que se faz sexo dançando funk, em que se dizem eu te amo mais do que dizem “bom dia”. E eu me pergunto: aonde foi parar o romance? Cadê as cartas de amor, os beijos sonhados, o arrepio da expectativa?

Eu amo o meu marido, que fique bem claro. Amo a vida que temos juntos, nossos beijos, nosso toque. Mas, com o dia-a-dia, é claro que falta romance. E olhando ao meu redor, fica nítido que isso é um “sintoma do século”. Estamos todos no mesmo barco nesta modernidade de relacionamentos.

Quanto mais eu vejo o amor retratado no cinema e nos livros, mais me dá a certeza: eu quero romance! Todos nós precisamos de um Edward ou um Mr. Darcy em nossas vidas.

Mesmo que por algumas horas. Porque a vida só tem graça assim: com romance.