segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A culpa

No momento em que nasce uma mãe, nasce também a culpa. 

Desde que comecei a entender sobre o assunto "maternidade", nunca conheci uma mãe que não se sentisse culpada por alguma coisa. Por mais que a gente faça (e sempre fazemos muito), parece que sempre está faltando alguma coisa. 

Quando o meu filho nasceu, eu tinha culpa porque tive de deixá-lo na escolinha com apenas 4 meses para eu voltar a trabalhar. Depois, sempre que ele adoecia, achava que era culpa minha, porque estava trabalhando e não cuidava dele. Quando ele começou a andar e falar na escola, senti culpa por não ver esses momentos em casa, por ele não aprender comigo. 

Para amenizar a culpa, mudei totalmente a minha vida: emprego, horários, salário, adaptações. E aí veio a culpa de receber menos dinheiro e não dar para ele tudo o que eu podia dar quando trabalhava 14 horas por dia. 

Ele tem me pedido constantemente um irmão. E eu tenho duas culpas: uma por não querer dar esse irmão, pois acho que já passou o tempo disso e a outra culpa pelo egoísmo em pensar somente em mim ao tomar essa decisão. 

Mas hoje a culpa me tomou de outra forma e no fim, senti como às vezes nossa culpa nos cega. Saí cedo do trabalho e queria que meu filho fosse para casa comigo. Fui buscá-lo e ele me disse: 
- Vai você, mãe. Eu não quero ir embora da escola. Vou ficar brincando.
Na hora bateu a culpa: "Meu Deus, meu filho é um daqueles meninos que eu falo tanto!!! Não tem vida dentro de casa e prefere a escola! Isso é que é solidão!"... e blablablablablá... Mil coisas passaram na minha cabeça e eu fiquei a tarde toda com aquele aperto. 

Quando eu voltei pro colégio para buscá-lo, achei que ele não ia querer vir ainda, ia estar brincando, correndo, etc e tal... chego lá e o "cidadão" está   D-O-R-M-I-N-D-O!!! Isso mesmo! Eu achando que era a pior das mães porque ele não quis brincar em casa e ele lá, dormindo na escola. 

Só depois caiu a minha ficha: quando eu fui buscá-lo era a troca de turno: crianças do período da manhã e as do período da tarde juntas, no pátio de brinquedos. É óbvio que ele não ia querer ir pra casa. Só depois, quando todos entraram nas salas ou foram embora, ele viu que era melhor dormir - coisa q ele faz em casa. E eu, em casa, culpada por ser uma péssima e desatenciosa mãe. 

Tenho certeza de que essa é só mais uma das muitas situações de culpa que ainda vou vivenciar. Os anos passam depressa e muitas coisas vão acontecer com o desenvolvimento e crescimento do meu filho. E isso vai trazer culpa, é claro. Por mais que seja um pouco irracional, não consigo me desfazer dela. 

Porque será que a culpa acompanha as mães?