terça-feira, 1 de março de 2011

Dizer sim também é difícil

No começo deste ano eu precisei dizer um sim que me doeu na alma.
Fiquei por uma semana remoendo se esta seria a resposta correta a dar e quais seriam as consequências se eu não a dissesse.
Tive dor de estômago, chorei, não dormi bem, fiquei uma mala sem alça.
Tudo porquê eu sou uma pessoa muito indecisa e extremamente passional.

Tive de escolher entre um emprego e outro. Mas, mais do que um mero emprego, era a primeira vez em que eu gostava de ir para o trabalho, em 12 anos de vida profissional. Acordava disposta, feliz. Não era apenas um lugar aonde eu ia trabalhar. Era um lugar onde eu ia ver amigos. Pessoas que me respeitavam, gostavam de mim e demonstravam isso. E eu, apaixonada por todas elas.

No entanto, algumas coisas falavam mais alto. Era necessário pensar com a razão também. Meu filho, motivo de tantas mudanças na minha vida, estava ficando um pouco de lado, já que mais uma vez passava o dia na escola. Nesta nova oportunidade, eu teria mais tempo para ficar com ele. Também teria tempo para uma academia – mesmo que seja uma utopia, mas saber que eu tenho tempo para ela me faz ter coragem para efetuar a matrícula. Enfim, mais tempo pra mim. Pra ficar em casa. Pra dormir. Pra sair. Pra viver.

E, por mais que esta tenha sido a decisão mais difícil que eu tive de tomar nos últimos anos, acabei dizendo sim. Aceitei o novo. Afinal, eu não fui procurá-lo. Se bateu à minha porta, sei lá, talvez é porque era para ser assim.

Juro que nunca imaginei que dizer sim podia doer tanto quanto dizer não. Porque dizer não é bem difícil. Mas este sim foi pior. Eu dizia sim para um e meu coração morria por causa do outro.

Confesso que fiquei mal por umas duas semanas. Repensando minha vida, minha decisão. Cheguei a me arrepender algumas vezes, para lembrar em seguida dos motivos da minha mudança e ver tudo melhor depois.

Mas uma coisa eu preciso dizer: sem o carinho dos meus alunos – os antigos e os atuais – eu não teria conseguido.

Doeu muito ler cada uma das mensagens de despedida que eles me mandaram. Chorei feito bebê lendo algumas delas, imaginando a carinha deles dizendo aquelas coisas. Encontrá-los depois também foi bem difícil. Mas, quando eu dizia o porqê da mudança, perceber que me apoiavam e que continuariam me amando, me fez ter forças. Porque certos laços não se desfazem assim.

Depois, tive o passo-a-passo do conhecimento com meus novos alunos. Cada um deles, com suas particularidades, suas manias. Todo começo é difícil. Para eles e para mim. Mas tudo está fluindo tão bem! Eles me receberam bem. E eu, juro, estou fazendo o melhor que posso para suprir todas as necessidades.

Quando decidi ser professora eu escolhi que não seria apenas mais uma. Eu decidi que faria a diferença, que traria alguma coisa à vida dos meus alunos. Eu sou mãe. Eu sei o que eu quero pro meu filho quando eu o mando à escola. E é exatamente desta forma que eu trato meus alunos.

Amor e confiança são coisas que a gente conquista. E é pra sempre.