sexta-feira, 25 de março de 2011

Dia 14: Um livro de não-ficção

Quem é que nunca reclamou da vida financeira achando que se tivesse um pouco mais de dinheiro - ou talvez  muito mais - nada seria como é agora?
Impossível, todos nós já nos pegamos imaginando o que faríamos se ganhássemos na Megasenha. Tudo seria resolvido. Problemas? Nunca mais!

Até que a gente lê Por um fio, de Drauzio Varella e percebe que as coisas não são bem assim. O livro traz histórias curtas de pacientes com câncer atendidos pelo médico. E mexe muito com a nossa estrutura. Eu fiquei extremamente abalada com certos casos que nos faz pensar: "a gente não é nada mesmo nesta vida". Dinheiro é bom, claro e ajuda muito. Resolve muita coisa, é verdade. Mas tem momentos em que a gente percebe que ele realmente não é tudo.

A clínica oncológica do Drauzio é num bairro chique - e obviamente seus pacientes são todos ricos. Riquíssimos. No entanto, conhecem uma dor que, felizmente, nunca cheguei perto de constatar e que nem mesmo o dinheiro deles consegue conter. 

Uma das histórias mais interessantes é a de um senhor, que já muito debilitado, ainda queria exercer a função de presidente de sua empresa e tinha um funcionário garoto, office-boy, que todos os dias lhe levava papéis para assinar. Este senhor estava em um quarto muito chique, com degraus, cadeiras de couro, cama king size e tudo mais. Então, quanto o simples office-boy sai de seu quarto e pula os degraus da escada para ir embora, o senhor - que tinha tanta riqueza e de nada lhe adiantava naquele momento - disse ao médico:
- Daria toda a minha história de vida, minha profissão e minhas conquistas apenas para poder dar um salto destes. 
E, claro, ele nunca mais saiu da cama.

Se você tá precisando de um choque de realidade, de um chacoalho moral, leia Por um fio. Faz bem pra alma.