terça-feira, 26 de julho de 2011

A Base

O que é o desejo de uma mãe, senão oferecer o melhor para seus filhos? Desde que eu soube que estava grávida, praticamente direcionei todos os meus desejos e vontades para aquela pequena vida que estava por chegar. E quando meu filho nasceu, esqueci alguns caprichos e dediquei todas as minhas forças e atenção a ele.
É óbvio que o exagero faz mal e eu percebi isso quando precisei voltar a trabalhar e deixá-lo na escola. Foi um sofrimento absurdo... pra mim. Porque ele ficou ótimo, claro. Então, trabalhando novamente, eu percebi que o mundo não parou porque meu filho nasceu e – mais do que isso – a minha vida estava ali, pedindo para ser vivida. Voltei a arrumar meu cabelo, a comprar roupa pra mim, a querer sair e curtir meu marido. A vida me chamando...
Mas agora eu sou mãe, muita coisa mudou. Embora eu ache que já tenha conquistado o equilíbrio entre o que oferecer ao meu filho e o que oferecer a mim mesma, é óbvio que eu desejo que ele tenha tudo: tudo o que eu tive, tudo o que eu não tive, tudo o que ele quiser. Ninguém quer que o filho sofra, sinta dor ou passe por uma situação ruim. E é exatamente por tudo isso, que fiz esta enorme introdução até chegar no que me motivou a escrever.
Estava assistindo ao reprise de um seriado que eu gosto muito, chamado Gilmore Girls e neste episódio, a filha tinha conseguido seu primeiro emprego como jornalista formada e sairia de casa, moraria em outro estado e não sabia quando poderia voltar. Nisso, sua mãe estava, num ato totalmente novo, já que não era uma boa dona de casa, passando suas roupas para fazer a mala da filha. Quando a filha viu, perguntou o porquê da mãe estar fazendo aquilo, que era desnecessário. E a mãe disse:
- Não quero que te falte nada, filha.
E foi aí que meu coração despedaçou, quando a filha respondeu:
- Mãe, você já me deu tudo o que eu preciso.
É óbvio que a filha não estava falando de roupa, dinheiro ou coisas materiais. Ela estava avisando a mãe – que estava com o coração feliz pela conquista, mas apertado pela distância – de que ela estava bem, que ela iria conseguir, porque sua mãe tinha lhe dado toda a base necessária.
Neste momento eu percebi que mesmo na dramaturgia, os bons roteiristas conseguem definir o quão visceral pode ser o amor de uma mãe por seu filho. E que aquele jargão de que todas as mães são iguais, é sempre válido. Porque é isso que todas as mães querem: dar tudo o que seus filhos precisam.
Espero, realmente, que daqui alguns anos (muitos, por favor...) meu filho também se sinta preparado para a vida, para caminhar sozinho e encontrar seu espaço porque terá a certeza de que teve de seus pais, tudo o que precisava. Que ele entenda que nosso esforço é única e exclusivamente para que ele tenha uma base sólida e que seja muito, muito feliz. Só assim acho que minha missão terá sido cumprida.